Diversos estudos atribuem diferentes propriedades ao óleo de cártamo, especialmente na redução de tecido adiposo, contribuição para o aumento da massa magra, aumento de HDL-colesterol (lipoproteína de alta densidade) e melhora da resistência à insulina. No entanto, os mecanismos de ação e seus reais benefícios para uso clínico ainda não estão totalmente estabelecidos. O óleo de cártamo é proveniente das sementes de uma planta oleaginosa denominada Carthamus tinctorius. Os principais ácidos graxos constituintes do óleo de cártamo são os ácidos graxos poli-insaturados ômega-6 (ácido linoleico, aproximadamente 80%) e ácidos graxos monoinsaturados ômega-9 (ácido oléico, aproximadamente 12%). O estudo publicado por Norris et al. em 2009 demonstrou que a suplementação com 8 g/dia de óleo de cártamo durante 16 semanas diminuiu em 6,3% o tecido adiposo da região do tronco e foi observado um aumento de 1,6% na massa magra total, em mulheres na pós-menopausa com diabetes tipo 2. Em 2011, este mesmo grupo de pesquisadores avaliou novamente a suplementação com 8 g/dia de óleo de cártamo durante 16 semanas, mas desta vez com o objetivo de investigar os efeitos sobre o perfil glicêmico, lipídico e marcadores inflamatórios. Os autores concluíram que houve alterações metabólicas benéficas após a suplementação, incluindo redução dos níveis de HbA1c (hemoglobina glicada), glicemia de jejum, melhora da sensibilidade à insulina, aumento de HDL-colesterol, bem como a diminuição dos níveis de proteína-C-reativa e adiponectina. Segundo os autores, os efeitos significativos da suplementação com óleo de cártamo tornaram-se evidentes após 12 semanas. Os pesquisadores ressaltam, porém, que não é possível ainda distinguir mecanicamente como o ácido linoleico ou outros componentes do óleo de cártamo estão agindo para induzir esses efeitos biológicos. Além disso, ainda não foram determinados se é o óleo de cártamo como um todo ou o ácido linoleico, especificamente, que induzem os efeitos observados nesses estudos. No Brasil, algumas cápsulas de óleo de cártamo foram notificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido à presença em quantidades superiores a 70% da substância ácido linoleico conjugado (CLA). Desde 2007, a Anvisa proibiu a comercialização desta substância por não haver comprovação da segurança de uso e eficácia. Ressalta-se que o óleo de cártamo não possui ácido linoleico conjugado (CLA) em sua composição, mas ele é utilizado como matéria-prima para produção sintética de CLA. Leia mais: O ácido linoléico conjugado (CLA) pode ser comercializado no Brasil? | ||
Bibliografia (s) Norris LE, Collene AL, Asp ML, Hsu JC, Liu LF, Richardson JR, et al. Comparison of dietary conjugated linoleic acid with safflower oil on body composition in obese postmenopausal women with type 2 diabetes mellitus. Am J Clin Nutr. 2009;90(3):468-76. Asp ML, Collene AL, Norris LE, Cole RM, Stout MB, Tang SY, et al. Time-dependent effects of safflower oil to improve glycemia, inflammation and blood lipids in obese, post-menopausal women with type 2 diabetes: a randomized, double-masked, crossover study. Clin Nutr. 2011;30(4):443-9. |
Escrito por: Rita de Cássia Borges de Castro
Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=642&categoria=1
Outros estudos:
Gustavsson et al . (2009) avaliaram o efeito da manteiga de cacau e óleo de cártamo no perfil de transcrição hepática, metabolismo lipídico e sensibilidade à insulina em ratos saudáveis e concluíram que a manteiga de cacau com base em alimentação rica em gordura durante 3 dias não afetou os níveis plasmáticos de triacilgliceróis totais (TG) ou de VLDL ou sensibilidade hepática à insulina, mas observaram mudanças na expressão gênica hepática que poderiam levar a um aumento da síntese de lipídios, lipotoxicidade, inflamação e resistência à insulina se mantida a ingestão. O óleo de cártamo aumentou a b-oxidação hepática, foi benéfico em termos de aumento da circulação de partículas ricas em TG-VLDL, mas levou a redução da sensibilidade hepática à insulina.
Lima e Cavalcanti (2008) avaliaram a suplementação de 4g de CL Absolute Nutrition que contém 1000 mg de óleo de cártamo/cápsula (CL-Lean®), de isômeros biologicamente ativos que provém 60 a 80% de CLA (ácido linoléico conjugado) em 17 voluntários, sendo 8 mulheres e 9 homens todos praticantes de musculação e com idade entre 20-30 anos, orientados a não modificar seus hábitos alimentares. E observaram que a massa corporal total, somatório das dobras cutâneas, percentual de gordura corporal e índice de massa corporal em mulheres não sofreu alterações significativas. Em homens os resultados obtidos em relação ao somatório das dobras cutâneas e ao percentual de gordura houve uma redução expressiva, porém a massa corporal total e o índice de massa corporal não modificaram. O estudo verificou que o CLA não apresentou resultados expressivos em humanos, como os encontrados em estudos com ratos, que alegam aumento da massa muscular e redução do percentual de gordura. Sendo necessários mais estudos para comprovar sua eficácia.
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