terça-feira, 13 de setembro de 2011

ÍNDICE DE ADIPOSIDADE CORPORAL (BAI) MELHOR DO QUE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)???


Lambert Quetelet, um belga, astrônomo, matemático, estatístico e sociólogo inventou em 1835 o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado dividindo-se o peso (kg) pela altura (m) elevada ao quadrado. Em 1986, Garn et al. (1986) enumeraram algumas limitações para o uso do IMC como método de avaliação do estado nutricional entre os quais: baixa, porém significativa, correlação com a estatura, baixa correlação com a massa livre de gordura (principalmente nos homens) e baixa proporcionalidade corporal (relação tamanho das pernas/tronco).
Embora não seja um indicador da composição corporal, o IMC é um índice fácil de medir em função da grande disponibilidade dos dados de massa corporal e estatura na maioria dos procedimentos e pesquisas na área de saúde. Por manter uma associação direta com o risco de morbi-mortalidade o IMC ainda é utilizado como indicador do estado nutricional em estudos epidemiológicos, sendo que em alguns estudos é associado a outras medidas antropométricas.
Com o objetivo de criar um novo índice que possa avaliar a gordura corporal com a mesma praticidade que o IMC, Bergman et al. (2011) propuseram em 2011 a utilização do Índice de Adiposidade Corporal (BAI– Body Adiposity Index). O método utiliza a proporção entre circunferência do quadril e a altura, tendo em vista que esses parâmetros fornecem uma melhor relação com a quantidade de gordura corporal que uma pessoa possui. A circunferência do quadril deve ser medida a partir da projeção mais posterior dos glúteos em uma linha horizontal até a região anterior do quadril. O índice foi publicado no renomado periódico do grupo Nature: Obesity.
O BAI é calculado pela seguinte fórmula: BAI= [CQ/(A x √A)] – 18
Na qual, BAI: índice de Adiposidade Corporal; CQ: circunferência do quadril em cm; A: altura em m. Na Tabela 1 são apresentados os valores de referência para classificação do estado nutricional de acordo com os valores de BAI.
Tabela 1. Interpretação dos resultados de BAI
Valor de referência por sexo (%)
Classificação
Masculino
Feminino
8-20
21-32
Normal
21-25
33-38
Sobrepeso
Acima de 25
Acima de 38
Obesidade
______________________________________________________________
Fonte: Bergman et al. (2011).

O BAI pode ser usado para refletir a porcentagem de gordura corporal parahomens e mulheres adultos de diferentes etnias sem correção numérica. A circunferência do quadril (R= 0,602) e altura (R= -0,524) estão fortementecorrelacionados com porcentagem de gordura corporal. O BAI apresentou uma correlação de 0,95 com a Densitometria por Dupla Emissão de Raios-X (DEXA).Entre as vantagens desse índice destaca-se que pode ser medido sem a necessidade de pesar o indivíduo, o que pode torná-lo útil em situações nas quais a coleta do peso corporal é problemática.
Em resumo, têm-se um novo parâmetro, o BAI, que pode ser calculado a partir da circunferência do quadril e da altura, pode ser usado na prática clínica, mesmo em locais remotos com acesso muito limitado a escalas de confiança. O BAI ainda necessita de alguns testes adicionais para verificar se realmente será um substituto potencial do IMC.
Para calcular seu BAI de forma prática acesse o site:http://www.sweetadditions.net/health/body-adiposity-index-calculator-tool-better-than-bmi e preencha os dados de Height com sua altura em centímetros e mude a unidade de Inch para cm. Depois preencha o campo Weight com seu peso em kg (o BAI não usa peso, mas esse site calcula também o IMC). E por último, preencha o campo Hip Size com a circunferência do seu quadril e altere a unidade de Inch para cm. Pressione calculate. Compare o resultado de BAI com a Tabela 1.
REFERÊNCIAS
BERGMAN, R.N.; STEFANOVSKI, D.; BUCHANAN, T. A.; SUMNER, A. E.; REYNOLDS, J. C.; SEBRING, N. G.; XIANG, A. H.; WATANABE, R. M. A better index of body adiposity. Obesity, Silver Spring, v. 19, n. 05, p. 1083-1089, 2011. Disponível em: <http://www.nature.com/oby/journal/v19/n5/abs/oby201138a.html>. Acesso em: 13 set 2011.
GARN, S. M.; LEONARD, W. R.; HAWTHORNE, V. M. Three limitations of the body mass index. American Journal of Clinical Nutrition, n. 44, p. 996-997, 1986. Disponível em: <http://www.ajcn.org/content/44/6/996.short>. Acesso em: 13 set 2011.

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